30 de novembro de 2017

Como tornar um solo compactado em produtivo?

A compactação é o estado de organização e arranjo espacial das partículas minerais e orgânicas que constituem o solo, num dado momento. Naturalmente, essas partículas minerais e orgânicas, em função da ação de raízes e da biota do solo, se organizam, se agregam, gerando agrupamentos ou agregados, ampliando a superfície de exposição interna do solo e criando espaços porosos entre as partículas e entre os agregados.

Essa situação natural pode ser considerada um estado de compactação não prejudicial às relações ambientais dentro e fora do solo. Nessa condição, o solo apresenta elevada capacidade de reter água e nutrientes de plantas, adequada infiltração e movimento de água e gases e adequado desenvolvimento de sistemas radiculares e de organismos que vivem no interior e sobre o solo. Consequentemente, o desenvolvimento e produtividade de plantas são, neste caso, beneficiados.

No entanto, há outros estados ou situações do solo em que, devido à ação de forças externas de origem humana, suas partículas se aproximam, se juntam fortemente, tornando-se unidas de tal forma que a entrada e saída de ar do solo fica prejudicada.

Isso faz com que a infiltração e o movimento de água no interior do solo fiquem fortemente diminuídos, o desenvolvimento de raízes limitado e, em geral, localizado superficialmente. Esse estado de compactação ruim pode ocorrer quando o solo é excessivamente preparado, intensamente revolvido, caracterizando um processo de desintegração dos agregados bons, gerando a proliferação de partículas individualizadas e soltas.

Essas partículas dispersas na superfície do solo, ao serem submetidas à ação das chuvas, proporcionam a formação de crostas superficiais que impedem a infiltração da água e aumentam a enxurrada e a erosão hídrica. Esse estado de compactação ruim também pode ser induzido ao se preparar o solo em condições de umidade acima da capacidade de campo (umidade máxima de um solo quando o excesso de água já foi drenado), quando a extremidade inferior dos implementos pode gerar uma camada endurecida que impede o crescimento radicular e a infiltração e o movimento de água e ar no solo. São os chamados ‘pé de arado’ ou ‘de grade’.

A dispersão das partículas superficiais, além de induzir processos de compactação do solo, quando associadas às camadas compactadas localizadas abaixo da superfície do solo tornam-se grandes responsáveis pela erosão hídrica e seus efeitos, como o empobrecimento (perda de matéria orgânica e nutrientes) do solo e as produtividades das culturas abaixo das expectativas.

Por essas razões, podemos reafirmar que, exceto em casos específicos de correção de limitações do próprio solo, o preparo de solo é totalmente dispensável e inadequado.

Porém, nas condições subtropicais e tropicais, como as do Brasil, mesmo quando não se utiliza do preparo de solo, como no plantio direto, estados inadequados de compactação podem ocorrer frequentemente. Isto porque, nestas regiões, a demanda do clima e do próprio solo pelo carbono é bastante elevada e a qualidade estrutural do solo torna-se totalmente dependente do aporte de fitomassa em quantidade, qualidade e frequência adequadas para suprir essa demanda.

Prejuízos para as florestas

Em florestas naturais, essa compactação excessiva não ocorre porque a situação é gerada comumente por ação humana. Na mata nativa, em pleno desenvolvimento, o aporte de matéria orgânica ao sistema solo encontra-se no limite de suas possibilidades de equilíbrio, com ocorrência de aporte de cobertura morta (serapilheira), diversificados sistemas radiculares abundantes e intensa atividade dos microrganismos do solo, o que define boa qualidade estrutural e bom estado de compactação do solo.

Em condições de solo cultivado, a ocorrência de estados de compactação excessivos induz vários prejuízos às espécies cultivadas, pois, neste caso, ocorrem limitações na infiltração, armazenamento e disponibilidade de água às plantas, limitações à entrada e saída de ar no solo, ao armazenamento e difusão do calor, incremento da resistência do solo à penetração de raízes. Também afeta fortemente o crescimento radicular, impedindo a adequada absorção de água e nutrientes.

Por fim, a compactação também influencia negativamente a reação do solo e a disponibilização de nutrientes às plantas.

Manejo do solo

Para evitar situações de compactação prejudiciais ao rendimento e à produtividade das culturas deve-se, em termos gerais, adotar os preceitos da agricultura conservacionista, que enfatizao preparo do solo, a manutenção de cobertura permanente do solo e a diversificação de espécies cultivadas.

Recomenda-se que o preparo do solo seja adotado apenas e tão somente quando houver necessidade absoluta de corrigir limitações (acidez do solo, correção de toxidez de alumínio e manganês, deficiência de nutrientes ou compactação excessiva do solo) e que se adote a semeadura direta ou plantio direto das culturas.

O solo deve ser mantido continuamente coberto por cobertura vegetal, com formação de quantidade generosa de cobertura morta e, especialmente, manutenção de sistemas radiculares densos e ativos, visando promover elevado e frequente aporte de fitomassa ao solo e eliminar hábitos inadequados, como a queima de restos vegetais.

O aporte em quantidade, qualidade e frequência adequados de fitomassa é obtido mediante a adoção de sistemas de rotação de culturas diversificadas que envolvam, especialmente, consórcios e culturas gramíneas com elevada relação C:N.

Além disso, o controle de tráfego é muito importante para evitar compactação, devendo este tráfego de máquinas ser realizado quando a umidade do solo estiver friável ou apresentar um teor de água abaixo da capacidade de campo, evitando-se, portanto, condições de umidade elevada do solo.

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