7 de setembro de 2016

Organominerais têm relação direta com a produtividade; entenda

Desde tempos remotos o homem faz uso de fertilizantes para manter ou aumentar a capacidade produtiva dos solos. Os fertilizantes orgânicos (compostos com predomínio de carbono) são aqueles oriundos de resíduo vegetal ou animal e eram os únicos utilizados até o surgimento dos fertilizantes minerais, que são aqueles constituídos por compostos inorgânicos ou por compostos orgânicos de origem sintética, como a ureia – (NH2)2CO.

Os fertilizantes orgânicos ainda são muito utilizados por oferecerem benefícios que os minerais não oferecem, como aumento da porosidade do solo (promovendo assim a aeração e o armazenamento de água), maior atividade de microrganismos benéficos no solo e aumento da capacidade do solo em reter nutrientes, diminuindo suas perdas.

Os fertilizantes minerais não proporcionam esses benefícios, porém, apresentam os nutrientes em concentrações muito mais elevadas em sua composição, enquanto os orgânicos têm uma quantidade grande de nutrientes em baixas concentrações, necessitando assim de um volume muito maior de aplicação.

Desenvolveram-se então os fertilizantes organominerais, que surgiram na tentativa de juntar os benefícios dos orgânicos e dos minerais em um único fertilizante, ou seja, um produto com concentrações mais altas de nutrientes em relação aos fertilizantes orgânicos e que oferecem benefícios para o solo ou para as plantas, como diminuição das perdas, características que apenas o fertilizante mineral não consegue propiciar.

feijao

Estudo comprova produção 11% superior com o organomineral

Produção de feijão

Diversos trabalhos evidenciam uma produção igual ou superior dos fertilizantes organominerais em relação ao uso de fertilizantes minerais no feijoeiro, em média 4 a 8% de ganho. Esse incremento na produtividade é devido aos benefícios que a matriz orgânica do fertilizante proporciona ao solo e às plantas, além de manter o nutriente mais estável e menos suscetível às perdas no solo, pois parte dos nutrientes se encontra ligada à matriz orgânica do fertilizante.

Estudo realizado por Nakayama, Pinheiro e Zerbini (2013) no município de Adamantina (SP) comprovou uma maior eficiência do fertilizante organomineral (4-14-08 + matéria orgânica) aplicado na semeadura em relação ao mineral, pois se obteve uma produção 11% superior com o organomineral (28,14 sacas/ha) em relação à produção apenas com fertilizante mineral 8-28-16 (25,67 sacas/ha), ambos aplicados na dose de 200 kg/ha de fertilizante, ou seja, o mineral forneceu 16 kg/ha de N, 56 kg/ha de P2O5 e 32 kg/ha de K2O, enquanto o organomineral forneceu a metade de NPK.

O uso contínuo de organominerais em uma determinada área beneficiará a lavoura principalmente em períodos críticos, como em veranicos, que é um período seco no meio de uma estação chuvosa, pois a parte orgânica que vai sendo incrementada no solo durante os anos contribuirá, dentre outros fatores, para uma maior capacidade do solo em reter umidade.

Passo a passo

O primeiro passo antes de definir qual e quanto do fertilizante será aplicado é sempre realizar a análise de solo do local. O próximo passo é corrigir a acidez do solo para maximizar a eficiência do uso de fertilizantes no aproveitamento de nutrientes pelas plantas e o principal insumo utilizado para correção da acidez do solo é o calcário.

Dentre os vários métodos existentes para determinar a necessidade de calagem, um dos mais utilizados é o Método da Saturação por Bases (V) do solo. Para regiões do cerrado brasileiro é recomendado V= 50% em sistemas de sequeiro e V= 60% para sistemas irrigados (SOUZA E LOBATO, 2004).

Caso o solo esteja com deficiência de enxofre (S), pode ser utilizado o gesso agrícola para fornecimento do nutriente, além de beneficiar o sistema radicular das plantas em subsuperfície, como diminuição do alumínio trocável, lembrando que o gessoe o calcário são insumos complementares, ou seja, um não substitui o outro.

O calcário deve ser aplicado no mínimo com dois a três meses de antecedência da semeadura e a gessagem pode ser realizada entre a calagem e a semeadura.

Considerando uma expectativa de produção de 3 t/ha, a adubação de semeadura em sulcos deverá conter 20 kg/ha de N, 30 a 60 kg/ha de P2O5 e 40 a 60 kg/ha de K2O; e a adubação de cobertura realizada em média 25 dias após a emergência das plantas deverá levar ao solo 40 kg/ha de N (SOUZA E LOBATO, 2004).

Ressalta-se que essa recomendação varia de acordo com a produtividade esperada, nível tecnológico empregado e condições edafoclimáticas de cada região.

Em caso de deficiência

A deficiência de micronutrientes no solo pode ser suprida com adubação corretiva aplicada em área total, adicionando os micronutrientes nas sementes antes do plantio ou junto aos grânulos de NPK.

Se durante o desenvolvimento da lavoura os sintomas de deficiência de micronutrientes aparecerem poderá ser realizada uma adubação foliar. Ressalta-se que a adubação com molibdênio (Mo) e cobalto (Co) é mais viável via semente, ou seja, poderão ser adicionados à semente junto com o inoculante.

Sabendo-se das exigências da cultura e com a análise do solo em mãos, deve-se então escolher o melhor fertilizante e quanto deverá ser aplicado para suprir as demandas da lavoura.

*Artigo originalmente publicado na Revista Campo & Negócios, edição de junho, pelo engenheiro agrônomo, André Leite Silva, que é mestrando do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA) – andreleite.ufla@gmail.com.

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