9 de março de 2016

Pesquisa internacional vai analisar solos ricos em matéria orgânica no Brasil

Especialistas da Alemanha, Áustria, Suécia e Itália se reuniram no início deste mês com pesquisadores da Embrapa Solos, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sediada no Rio de Janeiro, para elaborar um projeto de pesquisas sobre os chamados antrossolos, ou solos modificados pela ação do homem.

No Brasil, os mais famosos antrossolos são as Terras Pretas de Índio, encontradas na Amazônia e raríssimas no Sudeste do país. Na Região Sudeste, os antrossolos mais conhecidos são os sítios arqueológicos conhecidos como sambaquis, que são depósitos de cascas de ostras, conchas e restos de artefatos deixados pelos homens pré-históricos, encontrados no município de Saquarema e na Fazenda Campos Novos, em Cabo Frio, ambos na Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro.

O encontro teve como objetivo alavancar pesquisas na área desses solos que foram modificados pela adição de resíduos orgânicos de plantas, fogueiras e animais.

“Assim como as Terras Pretas de Índio, nós estudamos os sambaquis para entender os mecanismos que levaram à formação deles. Tentamos entender como o carbono ficou aqui, como isso ficou rico, quais foram as coisas que os ancestrais do homem colocaram aqui para melhorar um solo durante tanto tempo. Porque são sítios com mil anos, dois mil anos”, diz o pesquisador da Embrapa Solos, Wenceslau Teixeira.

O desafio dos pesquisadores é replicar esses solos em laboratório, visando a criar produtos organominerais. Teixeira explica que esses produtos teriam características agronômicas muito interessantes, inclusive como fertilizantes. “A nossa ideia é conseguir entender esse processo (de formação das terras pretas e dos sambaquis) e fazer ele se tornar uma realidade, para melhorarmos os solos”. As descobertas feitas até agora mostraram que as Terras Pretas de Índio, por exemplo, têm uma grande quantidade de carvão, que segurava os nutrientes no solo. Os pesquisadores querem aprofundar as pesquisas em relação aos sambaquis.

Participaram do encontro especialistas de diversas áreas do conhecimento, como química, arqueologia, retenção de água para debater as ideias e formatar um projeto. Para isso, serão verificadas as competências disponíveis e as facilidades laboratoriais. O projeto poderá ser desenvolvido em várias partes do mundo, como Rio de Janeiro, Alemanha e África.

Depois de formatado, o projeto vai concorrer a financiamento de uma agência financiadora brasileira, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) ou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de agência internacional, segundo Wenceslau Teixeira. (Com informações da Agência Brasil)

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